Raposa Serra do Sol

24 de julho de 2007 13:40

Desde a invasão das terras brasileiras os povos indígenas vêm sofrendo constantes ameaças de exterminação. Com o reconhecimento de seus direitos na Constituição Federal de 1988 varias conquistas aos poucos estão sendo realizadas, como direito à saúde, educação, terra e liberdade. Em Roraima, considerada uma terra sem lei, os povos indígenas ainda vivem as agressões dos 500 anos. Contar com apoio de autoridades de gestão do estado de Roraima é deixar os direitos indígenas debaixo do tapete e cobiçar suas riquezas mantida a séculos pela vida, cultura, diversidade e visão de futuro harmonioso.
Somam 2 (dois) anos que a definição da terra indígena Raposa Serra do Sol não está resolvida e varias ações violentas estão acontecendo contra os indígenas da região. Durante o reconhecimento da Terra indígena 21(vinte e um) indígena já foram mortos defendendo os direitos de viver no seu espaço e os assassinos ainda não foram punidos. Três comunidades indígenas já foram destruídas (Jawari, Homologação, Brilho do Sol) e os lideres desses atos violentos ainda continuam na área atormentando a vida dos indígenas. Um dos atos marcante foi a destruição do Centro Indígena de formação (antiga Missão São José) e recentemente a comunidade Parawani na mesma terra indígena Raposa serra do Sol. Nota-se que os indígenas nunca enfrentaram os atos violentos com violência, tudo foi sendo assistido com muita paciência denunciando sempre para Policia Federal, Ministério Publico federal, ao presidente da Republica e às outras autoridades federais, pois contar com apoio de autoridade de Roraima não significa ser atendido com justiça.
Atualmente 60 (sessenta) jovens indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Waiwai e Iykuana que vivem no Centro Indígena Raposa Serra do Sol (Centro Reconhecido pela educação brasileira pelo parecer CCE/RR 20/06) sofrem constantemente ameaças física e psicológica de assassinos gratificados pelos arrozeiros, que tem plantio ilegal na Raposa Serra do Sol. Desde o dia 17 de setembro de 2005, o “o dia das cinzas”, onde antindígena (arrozeiros, fazendeiros…) invadiram o prédio do Centro e atearam fogo destruindo tudo. Todos esses assassinos ainda continuam livre. No começo do mês de julho mais dois jovens indígenas sofreram espancamento de pistoleiros a mando dos arrozeiros. E constantemente todos os dias (dia e noite) motoqueiros armados com armas de fogo intimidam os jovens com ameaça de morte, espancamento e nova destruição do prédio do Centro de Formação. Um ato inconstitucional presenciado pelos indígenas é a participação de políticos de Roraima (um deputado Federal e outros) que da mídia usa para incentivar a população local a desrespeita os direitos indígenas e apóia a ocupação ilegal das terras indígenas. Além de uma radiofusora instalado no país da Venezuela onde são divulgadas informações racistas e preconceituosas contra a vida dos povos indígenas.
Enquanto os jovens indígenas de povos distintos se reúnem para aprender alternativas para melhoria de suas comunidades antindígenas procuram de forma violenta destruir essa União. De dia os jovens estudam, trabalham, tem lazer, fazem seus deveres pessoais e se reúnem para organizar e planejar atividades que possam contribuir o etnodesenvolvimento das comunidades indígenas. Mas, faz dois anos que os jovens a noite ficam a mercê de ameaças. Enquanto os indígenas trabalham, discutem e trabalham projetos de sustentabilidade ao lado tem antindígenas que querem de qualquer forma destruir esse modelo de vida harmoniosa que apresentas os jovens.
Informamos que assim está atualmente a vida dos jovens indígenas considerados futuras lideranças para dar continuidade do trabalho das comunidades indígenas. A formação de todos os jovens está sendo realizada conforme a realidade das comunidades indígenas. Em nenhum momento os jovens foram guerreiros assassinos e sim guerreiros de trabalho, organização, defesa da vida, solidariedade e lideranças preparadas para defender os direitos.
Por todos os atos ruins que estão acontecendo contra a vida dos jovens denunciamos e contamos com vosso apoio para ampliar essa denuncia para o mundo, pois trata de DIREITOS HUMANOS.
Centro Indígena, 20 de julho de 2007 – Coordenador do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol