Escândalos no pipeline

14 de julho de 2007 15:10

O escândalo de agora exigirá de novo um passo para a frente. A tática de uma empresa global não pode mimetizar a dos políticos brasileiros. Eles negam, retardam processos, fazem chicanas. Não dão a mínima para a própria reputação. Saio do Brasil de uma certa forma pouco animado com o semestre que passou. Numa frente exigia um determinado tipo de comportamento, em outra tentava aplicá-la no Partido Verde.

Os vereadores de Natal aprovaram um item do plano diretor que destruiria a zona norte da cidade. Pedi a expulsão de quatro do PV. Houve muito choro por isso. A Polícia Federal resolveu o assunto, lacrando a Câmara e prendendo alguns vereadores, comprados pela especulação imobiliária. No carro de um deles, conta a imprensa do Nordeste, havia R$ 5.000 sob o tapete.

Em Minas, a bancada de sete deputados do PV tendia a aprovar um projeto que amplia o foro especial para eles. Justo no momento em PV nacional adere a uma campanha pelo fim do foro especial, iniciada pela AMB. O relatório do Banco Mundial sobre a corrupção no Brasil enfatiza a necessidade de uma resposta. Pessoalmente, acho que os mecanismos de controle têm melhorado. Mas não deixa de ser bizarro um país em que um programa político tenha de ser realizado pela Policia Federal, e não pelos eleitos.

A luta contra a especulação imobiliária em Natal e também, recentemente, em Florianópolis, foi realizada também pela polícia, numa espécie de vácuo político. Houve uma reação rápida da Câmara, expulsando um vereador. Não é preciso sempre esperar o PSOL.

Entre o Banco Mundial e o PSOL há um vínculo importante: ambos denunciam a corrupção. E não deixa de ser bizarro o país onde o único partido que contribui, nesse ponto, para um capitalismo mais sério é um pequeno partido socialista. Terei pelo menos um bom tempo para ruminar essas estranhezas. E para completar deveres de casa adiados. Agosto é sempre o mês mais eletrizante no
Brasil.

Fonte: O Globo