Craques na mira da PF

14 de julho de 2007 14:50

Os procuradores federais que investigam a parceria MSI/Corinthians deverão acionar a Receita para rastrear as declarações de renda dos atletas. Eles também podem ser processados por sonegação de tributos. Segundo o MPF, os grampos pegaram diálogos dos ex-corintianos com diretores do clube de Parque São Jorge. O teor das conversas monitoradas mostra Carlos Alberto e Ricardinho supostamente orientando seus interlocutores a realizarem pagamentos lá fora .

Todo o dinheiro que recebi do Corinthians e da MSI foi por meio de bancos brasileiros. Nunca recebi dinheiro em contas fora do País. Estou à disposição para quaisquer esclarecimentos , afirmou Ricardinho, por meio de sua assessoria de imprensa. O jogador está na Áustria, onde treina com o Besiktas (TUR), seu time. Carlos Alberto não foi localizado. A contratação do meia do Fluminense foi
anunciada ontem pelo Werder Bremen, mas no fim da noite rumores davam conta de que o clube alemão havia desistido do jogador por causa das acusações contra a MSI.

Ao decretar a prisão preventiva da cúpula da MSI, o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal em São Paulo, transcreveu trechos dos relatórios de inteligência da PF. Um desses documentos reservados, de número 11/06, revela acerto relativo a Carlos Alberto. O juiz destacou conversa entre duas pessoas, identificadas como Kléber e Marcus, ocorrida em 23 de novembro de 2006. Kléber diz a Marcus que conversou com Carlos Alberto e com Richard, que lhe explicaram que Carlos Alberto recebe US$ 160 mil, metade paga pela MSI, que ele recebe lá fora .

A remessa de valores para o exterior envolvendo os dois jogadores será apurada pelo MPF. A suspeita sobre Ricardinho e Carlos Alberto não foi alvo da primeira etapa da investigação federal. Até aqui, o cerco do MPF tinha como foco Boris Berezovski, Kia Joorabchian e Nojan Bedroud, que tiveram prisão decretada pela Justiça Federal.

Ontem, o procurador Rodrigo de Grandis, que participa da missão integrada do MPF com a Polícia Federal, explicou que não foi requerida a custódia dos principais dirigentes do Corinthians  Alberto Dualib e Nesi Curi – porque eles têm residência fixa no Brasil e, aparentemente, atividades regulares . Não é este o caso de Berezovski, Kia e Bedroud, que estariam na Inglaterra, o primeiro deles na condição de asilado.

Por enquanto o Ministério Público não considerou necessária a prisão (de Dualib e Nesi) , declarou o procurador. Ele ressaltou, porém, que o MPF pode mudar de planos se Dualib e Nesi intimidarem testemunhas ou continuarem lavando dinheiro por meio de outras offshores. É motivo para prisão, advertiu Rodrigo de Grandis.

Tribunal já investiga mala preta
A situação de Alberto Dualib só piora. Não bastassem as acusações de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha pela Justiça Federal e a oposição tramando o seu impeachment, agora o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) vai investigar a denúncia de manipulação de resultados para o Corinthians não ser rebaixado em 2006.

Designei um procurador só para investigar essa denúncia dos procuradores da República , informa o presidente do STJD, Rubens Aprobatto, grande nome da oposição corintiana. Se for provado, a pessoa é afastada do esporte por quatro anos. A ordem é para ir a fundo nessa acusação. Se for o Dualib, não
posso fazer nada. Eu havia dito, há muito tempo, para ele se afastar e ele respondia que a solução para o Corinthians sempre foi ele. Se estiver envolvido, vai pagar.

Aprobatto apóia sua decisão de investigar o Corinthians nas declarações de Sílvio de Luís de Oliveira, procurador da República. Temos indícios de que realmente houve manipulação de resultados. São muitas horas de gravações e há conversas sobre isso. Mais eu não posso falar porque é segredo de Justiça , disse o procurador da República.

Fonte: Jornal da Tarde